Assunto:
O Brasil entrou para o clube dos ricos?
Por
Eduardo
Data
segunda-feira, dezembro 06, 2010
Por Marcelo Torres
Correspondente do SBT na Europa
Pelo terceiro ano consecutivo, a régua que mede a qualidade de vida de um povo diz que o Brasil é um lugar onde se vive bem. Desta vez, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU põe o país na posição 73 entre 169 nações. Nada que se compare à campeã Noruega, mas muito à frente do Brasil de outros tempos. E acima da linha que separa o alto do médio desenvolvimento humano.
Sociólogos e economistas sempre tentaram classificar os países. Na minha infância, ouvia dizer que éramos de terceiro mundo. Hoje, o politicamente correto é afirmar que somos uma nação em desenvolvimento, ou um pouco mais que isso, um BRIC, aquele clubinho que formamos ao lado da China, da Índia e da Rússia para dizer que chegamos ao portão da mansão. Há quem diga que quando o nosso PIB per capita ultrapassar finalmente os US$ 10 mil, seremos de primeiro mundo.
Ao se acreditar na máxima de um antigo chefe que me dizia que a qualidade está nos detalhes, acho que a maior parte do Brasil ainda está mal acabadinha. Estou de férias aqui, já tendo passado pelo interior, Rio e agora São Paulo. Nossas cidades melhoraram, mas não são de primeiro mundo, ou "world class", como gostam de dizer os ingleses. E não vou me ater apenas ao nosso subdesenvolvimento ou ao descaso com os moradores mais pobres das favelas, que sofrem com a exposição a desastres naturais e à violência.
Refiro-me mesmo a partes ricas das cidades. Todos os países desenvolvidos por onde já passei (à exceção do Japão) escondem a fiação elétrica no subsolo. Sem o emaranhado de cabos saindo dos postes, é possível admirar melhor a fachada dos prédios e as ruas ficam mais gostosas para caminhar. Às vezes me pergunto por que raios nem as empresas e pessoas que poderiam arcar com o custo desse embelezamento perto de seus imóveis se preocupam neste nosso Brasil? Será que não vale a pena cuidar do bem público, algo que também melhora a qualidade de vida de um país?
E o que dizer das calçadas? Que seja até desumano cobrar de áreas empobrecidas que tenham calçadas impecáveis, eu entendo. Mas por que nos espaços em frente a bancos bilionários, repartições do governo, casas e prédios de luxo, temos às vezes que conviver com tantos buracos e, por que não dizer, feiúra urbana? Por que as prefeituras não têm uma postura mais rígida e defensora dos espaços que deveriam servir a todos?
A mesma renda em ascenção, que lenta, mas persistentemente melhora nossos medidores de qualidade de vida - saúde, educação etc - pode garantir que os outros aspectos subjetivos, mas também importantes - cidade bonita, espaços públicos vibrantes - sejam puxados para cima. Já que a presidente eleita, Dilma Rousseff, disse que é preciso termos metas ambiciosas, por que não sonharmos em fazer inveja ao mundo? O Brasil, além de ter um povo bacana, um clima bom e belezas naturais, ainda terá cidades organizadas? Quem vai nos segurar?
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